Um novo Canadá

Despedida do Alasca

O Toninho ficou ansioso, ou apreensivo, alguns momentos quando começamos a pegar um pouco de neve e a pista começando a congelar, pois pensamos que toda a viagem seria assim. Mas foi só aquele trecho. Somente depois que cruzamos a fronteira encontramos tudo nevado de novo.

Procuramos o camping onde ficamos na ida e estava fechado. Fomos abastecer e perguntamos se poderíamos dormir no posto e nos disseram que eles têm um RV Park nos fundos e que cobram $10 Dólares Canadenses (DC) com energia. Nem pensamos duas vezes, iriamos dormir ali e estávamos na expectativa de como o carro se comportaria com tanto frio, se congelaria as coisas ou não... sabemos que este será um novo tempo.

Se pensarmos que todos os nossos conhecidos nos alertaram que não deveríamos sair em outubro do Alasca, por ser muito frio e é bem isso que estamos fazendo, nada mais que justificada nossas inseguranças. Mas quando pensamos que Deus tem o controle de tudo e que não conseguimos sair antes, ficamos em paz.

Fiz uma sopa deliciosa e jantamos e fomos dormir cedo, pois tínhamos um longo dia pela frente.

Beaver Creek a Whitehorse – Uma nova visão da Alaska Highway

Acordamos cedo, tinha nevado a noite e já começamos a pensar que esta seria nossa paisagem companheira de viagem. Mas à medida que o sol foi nascendo começou a aquecer e a viagem foi tranquila.

Começamos a perceber que esse nosso retorno pela Alasca Highway nos brindaria com uma paisagem muito mais bonita e bem diferente de nossa ida para o Alasca. Paramos para lanchar em uma Rest Area no caminho e seguimos até Whitehorse, chegando final de tarde.

Descobrimos que não tinha água no posto, estava congelado. Fomos direto ao estacionamento o Walmart onde passaríamos a noite e encontramos o Fernando a Carla e os meninos da família #vancomtudo.  Fiz um bolo de banana e maça e café e tivemos um tempo juntos para conversar sobre os planos de viagem, nossos e deles.

A temperatura caiu a noite, mas não nevou. E mesmo sem energia conseguimos nos viram bem. Não passamos frio. Nossa cama, na tulha, é bem quente.

Whitehorse a Watson Lake

Decidimos sair mais tarde, depois das 10 h para ter mais sol e calor durante a viagem.  Saímos de Whitehorse, depois de nos despedimos da família #Vancomtudo, com tempo bom, mas à medida que avançávamos, o tempo começou a fechar. Chegamos com tempo bem fechado e previsão de neve.

Voltamos a Sign Post Forest, o centro de visitantes estava fechado (fechou em 15/09) e não tinha água (congelado de novo). Procuramos um campground e encontramos um que sem água nem banheiros por $40 DC! Achamos demais, fomos em outro, mas estava fechado e sem água também. Pedimos para dormir na frente do restaurante do campground, e não recebemos permissão. Decidimos dormir no centro de visitantes mesmo.

Fomos ver a nossa placa e o visual estava totalmente diferente. Watson Lake não tem nada, só a Sign Post Forest, e na temporada os turistas são bem recebidos, mas acabou a temporada, a impressão que tivemos é que precisamos nos virar!

A noite a temperatura baixou e esfriou bastante. Começou a nevar.

Watson Lake a Fort Nelson – Muita neve no caminho

A noite foi bem fria. Acordamos com neve e decidimos seguir viagem. Ao mesmo tempo que torna a paisagem bonita, nos deixa apreensivos de como seria a estrada dali para a frente.

Fomos abastecer e conversamos com um senhor está indo para o Alasca e ele nos aconselhou a seguir pela Alaska Highway, e não pela rodovia 37, como tínhamos planejado, em direção a Vancouver. Nos falou ainda que pegou neve de Edmonton a Dawson Creek. Decidimos então seguir o conselho dele. Iríamos pela 37 para fazermos um trajeto diferente, mas por segurança vamos dar a volta indo a Dawson Creek e depois a Prince George.

Passamos e vimos o #Vancomtudo, paramos para nos despedirmos, ajudamos a dar carga na bateria deles e partimos.

Este foi um dia de muita neve. Vimos caribous, bisons, uma paisagem totalmente diferente e linda! Os pinheiros nevados, fizemos diversos trajetos com neve, nevascas... 

Sempre ouvimos falar da Alaska Highway e seus perigos no inverno. Hoje estamos tendo uma mostra de como deve ser. 

Com caminhões jogando terra na neve para os carros terem tração, caminhões parados nas subidas por não conseguirem tração para subir, lindos lagos e rios começando a congelar... Com certeza é uma aventura fazer a Alaska Highway nestas condições.

Paramos para abastecer em Liad River Hotsprings, e um senhor muito simpático nos atendeu. Já estávamos preocupados pois os pontos de abastecimento anteriores estavam fechados.

Paramos à beira de um rio para fazer um lanche. Um lugar muito bonito, a vontade é de ficar por aqui.

Seguimos até Toad River Post, onde deixamos nosso boné, que não tínhamos deixado na ida, e compramos um cinamon Buns, que desta vez não tinha saído do forno quentinho, mas estava igualmente delicioso.

Ao mesmo tempo foi uma viagem segura e chegamos a Fort Nelson final de tarde.  Precisávamos de água e fomos a um campground, sem água e $40 a noite? Demais. Fomos a outro, estava $34 dólares. Mas decidimos pagar para tomar uma ducha $7 DC e pagamos $5 DC para enchermos o tanque e dormirmos em qualquer lugar.

Banho tomado, seguimos até local onde ficamos da última vez. Uma rua sem saída ao lado de um posto na entrada da cidade. Um local que param muitos caminhoneiros para passar a noite.

Fort Nelson a Dawson Creek

Depois de uma noite um pouco barulhenta, o dia amanheceu ensolarado e sem uma nuvem no céu. Voltamos para encher nosso tanque de água, abastecemos e fomos até o centro de visitantes. O Toninho entrou para pegar informações sobre a estrada e a atendente foi muito prestativa olhando todas as possibilidades de trajeto e como estaria o clima. Nos aconselhou a seguir até Dawson Creek hoje e depois seguir para Prince George, pois toda esta região do mapa até Edmonton e para baixo, até Calgary, tem previsão de neve nos próximos dias.

Seguimos viagem e fomos sempre acompanhados pelo sol e céu azul. Uma viagem tranquila até Dawson Creek. Algumas nuvens começaram a aparecer perto de Fort St. John. Nem paramos para almoçar. Chegamos em Dawson Creek no Walmart, era 16 h.

Compramos um frango assado om pão e salada de batatas e este foi nosso almoço. Interessante que a comida pronta aqui é bem mais em conta do que comprar para preparar.  Pagamos menos de $10 por tudo e fizemos duas refeições com o que compramos e ainda sobrou comida. E o valor do frango, sem assar, estava $9 DC.

Descansamos um pouco, pois a viagem foi tensa e cansativa.

Dawson Creek a Prince George

Acordamos e apesar da temperatura de -3 C à noite, não nevou e não estava tão frio.  Saímos perto das 10 h, na expectativa de como estariam as estradas para Prince George. Encontramos uma estrada com muito vento no primeiro trecho e a promessa de chuva nas montanhas, dois passos com 1.200 m.s.n.m., alguns trechos com neve e outros com a pista com gelo. Mas foi mais tranquilo do que o cenário nos prometia. Uma viagem que deve ser maravilhosa com sol.

Interessante ver que há diversas áreas com os caminhões e caminhonetes que trabalham na manutenção da estrada. Se a camada de gelo é pequena, eles jogam barro, se é mais espessa eles passam com caminhão com pá limpando a pista, e dependendo da intensidade de neve que cai, alguns trechos (geralmente nas subidas) é obrigatório o uso de correntes.

Chegamos a Prince George ás 16 h e encontramos uma cidade de tamanho considerável, maior do que Whitehorse, com as ruas cheias de neve. Aqui deve ter nevado bastante na noite anterior. Eles limpam as ruas e acumulam a neve nos cantos. O visual é lindo, mas quando começa a derreter vira uma lama só. Os carros passam cheios de neve nos vidros.

Comentamos que isso mostra que eles não colocam os carros nas garagens, isso é algo que achamos ser um hábito dos americanos, usar as garagens para entulhar de coisas e deixar os carros fora, mas pelo jeito, não é só os americanos que fazem isso.

Fomos ao Walmart, onde já tinham mais dois motor homes estacionados e ficamos por ali.

Prince George a William Lake

Depois de uma noite de muita chuva, mas com uma temperatura mais amena, acordamos e decidimos seguir viagem e aproveitar que a chuva tinha parado e que a temperatura estava mais agradável.

Seguimos pela 97, uma rodovia de montanhas e rios, com muitas árvores amarelas, vermelhas e verdes, bem a cada do outono. Percebemos que esta neve que caiu pela região foi temporã e inesperada. Algumas propriedades estavam fazendo as últimas colheitas.

Mas foi um dia agradável e tocamos direto. Sem sol, mas sem chuva e sem neve, isso já foi ótimo.

Chegamos a William Lake ás 15h e fomos direto para o Walmart. Preparamos um almoço e descansamos o restante da tarde. Estes dias todos viajando direto, com este clima com o qual não estamos familiarizados acaba gerando um cansaço e tanto! Nossos planos é seguir para os Estados Unidos. Queremos ver se encontramos um lugar menos frio.

O dia acordou do mesmo jeito e resolvemos passar o dia no Walmart, atualizando algumas coisas na internet e dando um tempo para ver se o tempo melhora.

William Lake – Hope

Decidimos seguir viagem, pelo menos a chuva deu uma trégua. Fomos até um parque municipal onde tem dump e água, abastecemos e seguimos viagem.

A viagem foi uma surpresa, a rodovia que liga William Lake a Hope é simplesmente uma maravilha. Pena não estar com sol. Mas ela vai pela encosta das montanhas, margeando rios e as árvores em tons do outono completam a paisagem.

Vários trens passam pela gente tornando a paisagem ainda mais especial. Comentamos que esta seria uma rodovia para se fazer de novo com sol e sem chuva. Ela é muito bonita. Muito mais que o trajeto que fizemos de Jasper até Dawson Creek quando subimos.

Nem paramos para almoçar e ás 15:30 h chegamos em um posto Flying J na cidade de Hope. Nos instalamos, almoçamos e resolvemos ficar por ali.

Eles tem uma internet que funciona muito bem e cobra $19,99 por um mês e você pode usar em todos os postos. Como tem muitos por onde vamos descer, decidimos comprar essa internet ao invés de a outra de $50 que geralmente compramos.

Choveu torrencialmente toda a noite e amanheceu chovendo. Estávamos entre duas imensas montanhas, há uns 50, 100 metros de nós e simplesmente não era possível ver nenhuma das duas. Não tivemos dúvidas, não vamos seguir nesta chuva. Passamos o dia no posto, atualizando nosso site, enviando propostas de trabalho, lavamos roupas, aproveitando a lavanderia do posto.

Hoje minha mãe faria aniversário, e sempre é um dia difícil, dia em que converso mais com minhas irmãs, todas nós sentimos muito sua falta. Eu sinto falta das minhas irmãs, e da minha sobrinha, acho que é o que mais aperta estando longe.

O dia passou bem rápido com tanta coisa para fazer.

Dando Adeus ao Canadá

Acordamos e já dava para ver as montanhas. O clima não tinha melhorado muito, mas como a previsão é continuar assim por uns dias, decidimos seguir e entrar nos Estados Unidos, pela fronteira em Sumas.

Estávamos esperando pois queríamos ir a Vancouver e passar uns dias lá. Mas com toda esta chuva, e previsão de mais de uma semana de muita chuva, achamos que o melhor a afazer é entrar nos Estados Unidos e tentar escapar desta chuva toda.

Estamos apreensivos quanto a entrada nos Estados Unidos e quanto tempo ainda ganharíamos.

Temos passagens compradas que precisamos parar para remarcar, mas que precisamos usar até dia 24 de novembro. E nestes dias temos repensado  nosso projeto. Estamos também sem trabalho este mês, e nosso apartamento ainda não está alugado. Tudo isso nos faz pensar que talvez seja tempo de voltar ao Brasil e trabalhar um tempo para poder continuar.

Este é um tempo propício para isso pois concluímos a Fase III e poderíamos retornar e planejar a próxima fase.  Enfim, se algo não mudar, seguimos por nesta direção. Precisamos algumas confirmações como vender o motorhome. Mas nossa primeira prova será a fronteira, tudo depende de quanto tempo receberemos.

Eu tenho uma imensa relutância dentro de mim, não quero voltar, mas precisamos ser coerentes e dar o passo no tamanho de nossas pernas e no momento elas estão curtas. Vamos ver o nos espera depois da curva. Deus sabe o que é melhor.

Seguimos debaixo de muita chuva até a fronteira.

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